domingo, abril 27, 2008

Vício

Não me pára a vontade, não se me atenua o desejo. Não me esqueço do gosto do teu beijo. Não me esqueço do calor da tua barriga, nem do sal das tuas costas. Nem do mel nas tuas coxas, nem a canela que tempera o teu segredo. Ainda tenho sede das palavras que me sussurras ao ouvido, e dos teus pés descalços na alcatifa, na areia, no mosaico, na madeira, na lã, na banheira, na colcha. As mãos na parede, no meu rosto, nas minhas costas. Deitar-me sobre ti e fazer como gostas. Esperar por ti, por nós, esquecer, morrer para nascer de novo. Liberdade, amor, verdade, olhos, boca, pele, mãos, segredos nus, bailados, corpos presos, amarrados, líquidos, retidos vertidos despejados, misturados, vícios, terminados.

quarta-feira, abril 16, 2008

Limites

Tu mulher,
e um homem,
um quarto de hotel.
Uma porta
esquecida,
não fechada.
Sons de água revoltada.
Sede, que não se sacia.
Desejo que não omites
emoções que provocam
as mais loucas sensações
e tu vais até ao fim
em atitudes sem limites.



Petra Morzé in Antares (2004) de Götz Spielmann