quarta-feira, dezembro 28, 2011

Para que não beba tudo de uma vez



Talvez começasse apenas no corpo que é teu
mexendo-se como quem dança
entrando alegremente no campo miope
que a minha minha vista alcança.
Nasceu-me, tenho a certeza, a sede na tua voz
nasceu-me de dentro para fora
secando-me os lábios e fazendo-me sonhar
com a fluidez das tuas palavras 
fazendo brotar vida na planície árida do meu peito. 
No gesto das tuas mãos como quem serve
em copas de prata fina, num bailado de dedos
suaves, ligeiros, intensos de mulher e de menina, 
a água que ninguém bebeu.. 
Nos teus olhos o Nilo inteiro alimentando o delta fecundo
os teus olhos, espaço aberto de um céu sem fundo 
pingando por entre as gentes gotas mágicas de esperança.
E na tua boca, aqui onde me vês, descobri a fonte
que me mata a sede... 
Dás-me a distância e o silêncio, para que não beba tudo de uma vez?

sábado, dezembro 10, 2011

Morrer em ti


"E dela, totalmente nua e funda, 
beberam-se as águas do mar transformadas em lua." 

                                                                          I. A.

Eram apenas dedos cintilantes 
aflorando de leve a pele dos teus seios
infantis receios, gestos hesitantes


Bebi na tua boca o meu sentir 
num beijo que trocámos docemente
o corpo fremente o peito a abrir. 


Quebra-se o impulso e o desejo
abandono-me ao instinto primitivo
Morrer em ti tem o dom extraordinário
de me fazer sentir que estou bem vivo!




domingo, novembro 20, 2011

Leva-me contigo


É como tentar segurar-te
e tu fugindo-me entre os dedos
é como tentar esconder-te
vivermos amantes em segredos
é como mergulhar em nós
bebendo o mar do teu ventre
é como ouvir em ti a minha voz
tão igual e tão diferente

É como lavrar-te a pele
sulcando-a com os meus dentes
é tremer eu ao imaginar o que tu sentes
é desejar-te sem te ter
e desejar-te mais tendo

É ver-te voar de mim
para longe do braço que eu estendo. 

E se te pudesse pedir
que me alivies o castigo
da próxima vez que voares,
por favor,
leva-me contigo!

quarta-feira, outubro 19, 2011

Do chão molhado







































Do chão que nós molhámos brotou uma árvore cujos frutos alimentaram o mundo!

Lágrima


























E essa sede que eu tinha de humanidade
de me sentir vivo
saciei-a na tua lágrima
saciei-a eu na tua lágrima

Essa sede que a língua me atiça
que os dedos me espreguiça
que nos teus olhos se afunda

Essa sede que é mar em ti
é amar em ti
é amar-te a ti
Saciei-a na tua lágrima
na tua lágrima

nesse sal intenso e perfumado
no momento sentido
no melhor instante
vertido

E de novo a sede
que a tua lágrima tinha saciado!

segunda-feira, outubro 10, 2011

Apeteceste-me tanto tanto


Apeteceste-me hoje tanto tanto que o dia se arrastou sem oriente nem norte que a vida me negou um flamejo de sorte e me deu um murro no estômago desenhando impossíveis nas margem do meu caderno onde escrevo devagarinho o desejo eterno por satisfazer por te ver por te sentir por te ter por te desenhar a ponta do nariz com a minha língua por sublinhar com os meus dedos as duas curvas dos teus segredos os altos e visíveis e os outros ainda mais secretos e mais impossíveis e no meio de tanto me apeteceres tive sede de ti e de mim de um cocktail mágico fluído nacarado embutido vertido e convertido que na língua se pendura que na boca perdura que no nariz se demora e nunca nos deixa nunca se vai embora e caí no chão chorando a saudade que me afoga sem me matar que a saudade nunca se mata mas mata-nos sempre e no meio do choro solto e da melodia tardia do meu pranto só me apetecia dizer-te em agonia que hoje apeteceste-me tanto tanto!

terça-feira, setembro 20, 2011

No canto do Silêncio





















No canto do silêncio
sorver o teu aroma a pêssego
e nozes com mel
perder-me no volume das tuas coxas
ser guiado pelo desfiladeiro infinito
e beber-te num grito sufocado de desejo
começar e terminar no mesmo beijo
ser eu larva e tu casulo
e numa metamorfose nossa
abrirmos num gesto só 
as nossas quatro  asas de mariposa!

terça-feira, julho 26, 2011

Beijo primitivo


Um beijo sulcou-te a pele,
afagou a carne,
embebedou-se em ti.

Os dedos esguios
devorando planícies
num suão abrasador.

E ao espelho
éramos um só
num cântico primitivo
ao supremo amor.

terça-feira, julho 12, 2011

Eu sou vento






















Eu sou Primavera no mês de Agosto
e sou brisa fresca a beijar-te o rosto
sou vento correndo ligeiro
levantando sentimento
pelo teu corpo inteiro
Sou vento e não sou ninguém
percorro os vales e as colinas
desço cavernas abertas
bebo água nas tuas minas
refresco as zonas desertas
turvo de areia os teus olhos
sem limites nem temperança
sou vento correndo ligeiro
sou homem e sou criança.
Se solto os teus cabelos
por meus dedos penteados
sou insano insatisfeito
por segredos desvendados
sou vento que no deserto
sopro uma quente oração
sulcando no peito aberto
direito ao teu coração!

quarta-feira, julho 06, 2011

O Beijo esquecido














Enquanto falavas comigo
a minha vontade louca
imaginou ver esquecido
um beijo na tua boca.

Bebia as tuas palavras
e o teu sorriso dourado
mas meus olhos não saiam
desse beijo pendurado.

Tentava mas tu fugias
tentei e não consegui
só pensava nesse beijo
que queria roubar de ti.

Um gesto impulsivo
com prudência pouca
e lá ficou esquecido
o meu beijo na tua boca!

quarta-feira, junho 15, 2011

A tua boca





















A tua boca é um rio
que corre em fio
no sentir livre
do verbo amar
um desafio
uma fonte corrente
calor e frio
sede intensa
a saciar. 

Tua boca, menina,
é de mulher
mordendo sem medo
sussurrando em segredo
palavras que os outros
não ousam dizer. 

Tua boca
fluindo louca
num fio de prata
é fosso que mata
e é razão de viver!

terça-feira, junho 14, 2011

Como um fogo















 

Como um fogo me devoras
no olhar intenso que é teu.


Como um fogo me devoras
numa paixão impossivel 
que se acendeu.

Como um fogo me devoras 
lançando labaredas dos teus dedos
dos lábios serrados
que se abrem em segredos
húmidos da carne ardente. 


Como um fogo me devoras
e enquanto me devoras
eu sou um contigo 
na chama quente!

terça-feira, junho 07, 2011

Ser rio no teu mar


















Ser rio no mar intenso
que no ventre guardas em segredo,
Ser rio fluindo, correndo em ti.


Ser sal que as vagas te tempera
ser vento que atiça o desejo
ser saliva, sangue e beijo.


Morder na tua pele a maresia
nos olhos em que a lágrima cristaliza
uma mão aberta que desliza
em ti cobrindo a breve distância
ser homem sem perder infância.

Beber em catadupas de saudade
a água do teu mar doce e profundo.
Ser vida que se instala
na mais secreta curva que há no mundo
.

E mergulhado em ti sou a saudade toda
um vazio espectro que ousou viver.
Sou rio frio no mar intenso,
e no teu fogo quente enlouquecer!

Big girl, don't cry!
















Já não oiço a tua voz, sussurrando-me ao ouvido
há tanto tempo descontado, que não o tenho sabido.

Já não te toco entre os dedos, nem bebo no teu sorriso
não me revelas segredos não sacias o que eu preciso.


E tão longe um do outro, no espaço e no tempo passados
tuas palavras, músicas e anseios trazem-me os sonhos assombrados.

E as lágrimas, amor, as lágrimas?
Se te faz  feliz porque choras?
Entrega-te sem demoras, à efemeridade do prazer.
De novo, comigo, lembra-te do que queres esquecer.

Eu digo fica, mas ela vai
um soluço, sufoco:  Big girl, don't cry.!

quinta-feira, maio 26, 2011

Saia de gaiata




















Saia de gaiata dançante
tombando da tua cintura
num andar hesitante
de tão inocente ternura

Teus passos são desafio
de mulher forte e formosa
que vendo o meu desvario
me olha, sorri e goza

Se não fosses tão bonita
e tão inocente a graça tua
não parava, acredita,
até te poder ver nua

Quando despida por fim
tivesses a saia no chão
eu roubava para mim
essa peça de tentação

Ah quando eu puder mulher
erguer-te a saia sem medo
ao ouvido te vou dizer
o meu mais doce segredo


Tu mulher eu em teu seio
encostado ao peito teu
Serei um novo menino
que o teu colo acolheu!

terça-feira, maio 24, 2011

Diz-lhe num sussurro breve
























Diz-lhe num sussurro breve
as palavras curtas do desejo
enquanto num olhar profundo
lhe dás o sabor do beijo
que faz dar voltas ao mundo


Dá-lhe um abraço apertado
junta os vossos corações
no toque do seio discreto
desperta-lhe as sensações
que inundam o peito aberto.


Diz-lhe de um segredo
de corpos sem lei nem Deus
sem peso ou pecado mortal.
Seus lábios nos lábios teus.
Bebe-lhe da boca o sal.


Diz-lhe duas palavras
como ondas espraiando areia
num movimento marginal
que preenche a maré cheia
num fluir sensacional.



Diz-lhe para que saiba
que a liberdade tem gosto
e na orla da tua saia
serve-lhe o luar de Agosto
com o cheiro da tua praia.



Alexandre Oliveira in In-fidelidades

sexta-feira, maio 20, 2011

Esta noite o teu beijo



Esta noite o teu beijo
fez fluir em mim
águas sem tempo
sem passado nem futuro.
Esta noite o teu beijo
foi a carícia inesperada
de um presente que se recebe
sem pensar.
Esta noite este teu beijo
quer fosse ou não o teu desejo
foi a conjugação presente
do indicativo mas intenso
do nosso verbo amar!
Esta noite este teu beijo
que estreitei ao peito com carinho
é o presente que guardo
para que me faça companhia
quando me deixas sozinho!

quarta-feira, maio 18, 2011

quarta-feira, maio 11, 2011

Deixa-me

Deixa-me tombar em teu regaço
aninhar-me no teu carinho
como se o mundo me esquecesse
por momentos

Deixa-me beber no teu olhar
na fonte que sacia o meu desejo
nos lábios mais secretos
do teu ser

Deixa-me ser tua e tu seres meu
deixa-me no sonho por sonhar
conjuga num gesto de ternura
o mundo inteiro

Deixa-me ser eu
Deixa-me ser tu
Deixa-me ser em ti!

Nada mais havia

Quando te olhava nada mais havia
nem luz nem sombra
nem noite nem dia

Quando te olhava nada mais havia
nem desejo nem limite
nem real nem fantasia

Quando te olhava nada mais havia
Nem corpos nus nem roupa
nem o tempo se desvanecia

Quando te olhava nada mais havia
Nem fora nem dentro
nem tempestade nem calmaria

Estava eu, estavas tu
numa mágica sintonia
E quando te olhava nada mais havia

sexta-feira, maio 06, 2011

Beijo




Beija-me como da outra vez...

Sabes que o teu beijo ainda mora em mim?

Falai-me de beijos longos
a mim,
que tenho um beijo
que não tem fim.

Um beijo que me ofereceste
sob uns pinheiros bonitos...

Se me desses outro beijo
Eram dois... infinitos!

segunda-feira, maio 02, 2011

Tu és um poema que descubro devagar


Manara


Se eu pudesse morder essas costas,
em dentadas famintas, por saber teu sabor?
Com a minha mão no teu ventre,
num toque diferente, descobrir o teu calor?
E se ao fundo das costas
num passeio de mão,
descobrisse um caminho.
Aprendia contigo um
mapa secreto de novos carinhos?
Tu és um poema,
que descubro devagar
com o toque da mão.
Tu tens planícies.
Tens montes e vales,
E nos dedos da mão
o saber secreto
e que bem que sabes!

quarta-feira, abril 27, 2011

Lembro-me



Photo by Laysa


Lembro-me da tarde em silêncio
e da espuma que aflorou nas nossas bocas.
Os dedos esculpiram o nosso corpo
em carícias que floriram nos teus olhos.
E neles fui marinheiro
de mar doce e bravio
de prata feita em fio
de desejo resplandecente!
Lembro-me como se fosse igual a hoje
lembro-me porque tudo foi diferente.
Lembro-me de ter tido mãos e seios
de aprender-te enquanto a tarde ia
e a deixar fluir em nós o gosto
que das bocas abertas fluía!
Lembro-me de ser poema em ti
e do espelho quente em que me revia
do corpo que por fim nos pertencia
o mesmo nosso corpo em que o prazer
preenche de sentido o acto de viver!
Lembro-me da tua pele incendiando a minha.
lembro-me do que não posso esquecer!

Lembro-me sozinho
e quem se lembra sozinho
não sabe nunca se é verdade!


terça-feira, abril 19, 2011

O sal que me pões na língua


Sinto-te a língua em mim
numa sinfonia em sal maior
meu corpo teu
o corpo meu
o sabor do teu sabor!

segunda-feira, abril 18, 2011

Sonhos



Na noite secreta a Lua chama por ti
com uma voz doce que seduz
e se não te prendes voas!
Voas por esse universo infindo
onde o corpo vai partindo
a cada novo sentir que vai sentindo
a cada carícia que se deseja
a cada lábio ainda por abrir.
E num beijo fugidio que mal aflora
as polpas doces dessa paixão:
És mar, maré viva, pelo céu afora.
És a carne que estremece
num frémito adulto e amadurecido

em cada sentir que o amor tece!

E a vida se faz em ti como magia
e sozinho sonhava eu que o teu corpo
que já foi meu
Em noite de Lua cheia pelo ar partia.

E nunca acordar deste nosso sonho,
amar somente com um ar risonho!

quarta-feira, abril 13, 2011

Mãe



É nesse ventre fecundo
que se encerram
todos os mistérios do mundo.
É nesse sentir intenso
que no desejo mais simples
complico tudo o que penso
É nesses olhos teus
de brilhantes reflexos
que se espelham os meus
E tudo faz sentido
nesse ventre que é vida
nesse corpo energia
troca-se uma carícia
numa tarde propícia
ao gesto de suprema magia!

quinta-feira, março 31, 2011

Sulco




Cravei na tua pele os meus dedos atrevidos
sentindo em ti as vagas e as marés
nesse sulco que divide o teu sentir.
Os dedos ramos imperfeitos
da milenar árvore do amor
recolho os frutos que o tempo gerou

Em ti sulquei o sulco
deixando nele a marca que me marcou.

Desp-ed-ida


Say goodbye Moon

A Lua fechou o cíclo, entre a luz e o infinito,
no silêncio cúmplice da noite escura.

Say goodbye Moon

Não amarras o espírito como se amarra a corpo
e sem entrar em ti, posso viver em ti

Say goodbye Moon

Esquecer é uma virtude a que nem todos têm acesso
poderia esquecer-te se isso não fosse esquecer-me

Goodbye Moon

terça-feira, março 15, 2011

Dás a quem te despe sintonia

Dás a quem te despe sintonia
nas palavras nos gestos no olhar
no desejo no silêncio na fantasia
e no todo que fica por realizar.

Dás a quem te despe peça a peça
a cumplicidade forte de quem ama
ofereces ao homem que te conheça
o mar inteiro sobre a tua cama.

És onda viva insana em dança ardente
és Deusa Hindu, és fogo abrasador.
És a carícia eterna num repente
és mãe, mulher e berço do amor!

quarta-feira, março 09, 2011

Se eu pudesse...




Se eu pudesse beber
nessa fonte secreta
uma água que não sacia
se eu pudesse beber, bebia

Se eu pudesse descobrir
na paisagem secreta
que o teu olhar anuncia,
se eu pudesse descobrir, descobria

E se eu pudesse construir
nesse lugar secreto
um templo à sedução e magia,
se eu pudesse construir, construía

E nessa mulher que és tu,
na caverna secreta, no calor do teu ventre,
se eu pudesse morria e ao nascer de um novo dia
fazia tudo por ti, de novo, mas fazia diferente.

Se eu pudesse esculpia letras em fogo e ardor,
se eu pudesse descobria, construia e escrevia
no mais secreto do teu corpo a mais bela canção de amor!

segunda-feira, fevereiro 28, 2011

Inventei uma cor para o teu sorriso

Inventei uma cor para o teu sorriso
dei-lhe um nome que não sei pronunciar
é segredo só meu, é um feitiço,
Que se esconde a cada novo revelar.

E essa cor que traz do vento a liberdade
Traz do sangue o intenso calor da paixão
Traz do gesto simples a verdade
é uma cor que desconcerta o coração.

Esse sorriso é o sol em cada dia
Faz da luz do teu olhar uma lição
Na tua voz a suave melodia
Dos teus dedos vi nascer uma canção.

E o sorriso que me encanta o pensamento
Pintei num quadro em que te fiz a sorrir
Serei pintor que recorda o momento
Em que nasce uma cor por definir!

Esse tom não é de pastel nem de luz
Não o vi em mais nenhum sitio qualquer
é o tom do teu sorriso que seduz
Que me prende ao teu feitiço de mulher!

domingo, fevereiro 27, 2011

Vermelho

De vermelho o pôr-o-sol
o mesmo vermelho és tu
Vermelho do sangue quente
que pulsa corações
Vermelho o desejo ardente
Vermelhas as sensações
Quando o dia se deita
na areia à beira do mar
Deixa o recado na praia
No aroma que fica no ar

quinta-feira, fevereiro 24, 2011

Na hora do desejo




na hora do desejo vejo um beijo
que nasceu na polpa dos teus dedos
na hora do desejo sinto um beijo
que aflora nos teus lábios em segredo
na hora do desejo sopro um beijo
que percorre o teu corpo sem ter medo

E tudo à nossa volta tem um fim
E os corações fazem sentido
num abraço consentido
de dois corpos que se adivinham

Na hora do desejo mais um beijo
na orla do teu olhar a fazer-me estremecer
Na hora do desejo cala o beijo
A boca que falava sem saber o que dizer
Na hora do desejo serena o beijo
Dois corpos se dissolvem com o novo amanhecer

E não há fim da nossa história
o momento e o sentimento
que ficam eternamente
gravados na nossa memória

E eu perco-me em ti.

segunda-feira, fevereiro 21, 2011

A Luz da Tua Sombra



A tua sombra pintou
os lençóis vadios em que me deito
o teu cheiro invadiu o quarto
o tempo parou
os nossos corpos detiveram-se
num eterno instante
a distância entre nós
era um mar sem fim
que tombou no leito
os sentidos alerta
os sentires acordados
na diáfana da madrugada
inventámos um beijo
os olhos abertos
unimos os dedos
entrelaçámos as mãos
e num gesto desprendido
como vela que apaga a chama
fomos o mundo todo
que se ergueu da cama.
a luz da manhã aberta
despertou-me do desvario
no ar a tua presença
num quarto que ficou vazio.