quarta-feira, outubro 19, 2011

Do chão molhado







































Do chão que nós molhámos brotou uma árvore cujos frutos alimentaram o mundo!

Lágrima


























E essa sede que eu tinha de humanidade
de me sentir vivo
saciei-a na tua lágrima
saciei-a eu na tua lágrima

Essa sede que a língua me atiça
que os dedos me espreguiça
que nos teus olhos se afunda

Essa sede que é mar em ti
é amar em ti
é amar-te a ti
Saciei-a na tua lágrima
na tua lágrima

nesse sal intenso e perfumado
no momento sentido
no melhor instante
vertido

E de novo a sede
que a tua lágrima tinha saciado!

segunda-feira, outubro 10, 2011

Apeteceste-me tanto tanto


Apeteceste-me hoje tanto tanto que o dia se arrastou sem oriente nem norte que a vida me negou um flamejo de sorte e me deu um murro no estômago desenhando impossíveis nas margem do meu caderno onde escrevo devagarinho o desejo eterno por satisfazer por te ver por te sentir por te ter por te desenhar a ponta do nariz com a minha língua por sublinhar com os meus dedos as duas curvas dos teus segredos os altos e visíveis e os outros ainda mais secretos e mais impossíveis e no meio de tanto me apeteceres tive sede de ti e de mim de um cocktail mágico fluído nacarado embutido vertido e convertido que na língua se pendura que na boca perdura que no nariz se demora e nunca nos deixa nunca se vai embora e caí no chão chorando a saudade que me afoga sem me matar que a saudade nunca se mata mas mata-nos sempre e no meio do choro solto e da melodia tardia do meu pranto só me apetecia dizer-te em agonia que hoje apeteceste-me tanto tanto!