quarta-feira, outubro 16, 2013

Praia em ti

Tens nos olhos o mar imenso
de uma lágrima que fica por verter
de uma maré toda inteira,
de uma tempestade
ainda por nascer.
Tens na boca a labareda
que encarniça o fim da tarde
tens a língua, a saliva
e a palavra que no peito arde. 
Tens a água toda inteira
inundando entre os teus seios
és sereia melodiosa
atraindo-me sem receios.
Tens no fundo do mar
um sentir doce e profundo
tesouro numa caverna
na curva mais secreta que há no mundo!













segunda-feira, setembro 23, 2013

De gatos e pés

 Não há dedos como os teus
nas gotas de chuva
nem nas violetas
do jardim na tua casa
onde pisas
um momento
em que os teus dedos brincam
saltitantes
e atrevidos
de mim fica o olhar nocturno
e na tua nudez
sabe-me a malícia gato
de te ver descalça. 





segunda-feira, agosto 05, 2013

Ausência

Entrei pela janela como brisa subindo os ramos da figueira já madura e dando contigo na cama queimando com a pele os lençóis de linho a ténue luz do candeeiro dançava nas curvas do teu corpo nu no movimento permanente da música tocando improvisando um blues a cheirar a jazz num sofrido saxofone envolto em desejo e do sentir que és tu havia na mesa um livro grosso aberto ao acaso numa página qualquer e todas as palavras escritas em letra pequena eram felicidade cheirava-me a tabaco e a incenso por isso não sabia qual de ti estava acordada ainda a noite estava escura e quanto mais escura mais brilhavam as estrelas mais brilhavam os teus olhos mais brilhavam os rios que pulsando de vida te inundavam os vales se eu tivesse mãos e corpo e boca ter-te-ia tocado ter-te-ia abraçado ter-te-ia mordido num beijo entregue suave sentido mas as almas peregrinas dissolvem-se no nevoeiro suportam a saudade e aprendem a viver com a ausência como em tempos viveram liberdade!   

terça-feira, junho 25, 2013

Beijo

Falavas do que custa um beijo
do silêncio eterno que antecede o toque
do suspenso momento
o prelúdio inocente da entrega

Falavas dos lábios pétalas
Falavas com os lábios pétalas
Como as flores se beijam dançando
Como a vida louca se celebra
no encontro profundo da tua boca

Falavas de um beijo ao luar
Um beijo quente e perfumado
sem boca
sem olhos
sem mãos
com o corpo todo entregue
de alma e coração
no beijo que fica por dar
mas não fica por receber

dado com o corpo todo
num momento por nascer.