segunda-feira, agosto 05, 2013

Ausência

Entrei pela janela como brisa subindo os ramos da figueira já madura e dando contigo na cama queimando com a pele os lençóis de linho a ténue luz do candeeiro dançava nas curvas do teu corpo nu no movimento permanente da música tocando improvisando um blues a cheirar a jazz num sofrido saxofone envolto em desejo e do sentir que és tu havia na mesa um livro grosso aberto ao acaso numa página qualquer e todas as palavras escritas em letra pequena eram felicidade cheirava-me a tabaco e a incenso por isso não sabia qual de ti estava acordada ainda a noite estava escura e quanto mais escura mais brilhavam as estrelas mais brilhavam os teus olhos mais brilhavam os rios que pulsando de vida te inundavam os vales se eu tivesse mãos e corpo e boca ter-te-ia tocado ter-te-ia abraçado ter-te-ia mordido num beijo entregue suave sentido mas as almas peregrinas dissolvem-se no nevoeiro suportam a saudade e aprendem a viver com a ausência como em tempos viveram liberdade!