segunda-feira, outubro 18, 2010

Hoje roubei-te um beijo




Hoje roubei-te um beijo
naquele jardim secreto
entre as árvores frondosas
e os malmequeres.
Hoje roubei-te um beijo,
na varanda da tua imaginação,
tu lá em cima e eu cá no chão.
Roubei-te o beijo como te havia dito
para descobrir que no roubado beijo
tu tinhas o meu nome escrito!

A um certo olhar

Aqueles enormes olhos de mulher menina
que por um segundo registei na memória
eram estrelas de um céu de fantasia
eram palavras que enchiam uma história
eram vento quente e doce
que sopra do deserto
eram vale de espuma num peito aberto
eram faróis no nevoeiro do meu navio
eram silêncio, eram nome, assobio...
Eram apenas dois olhos,
do tamanho do mundo,
mas eram dois livros escritos
num sentimento profundo.
Eram espelhos de uma alma por domar,
bravios salpicos de saliva agitando o mar.
E os dedos desenhavam sem medo
nos espaços que ficam por preencher
o sentir imenso e o segredo,
de uma alma que se agita,
que acredita, que quer viver!

domingo, outubro 17, 2010

Peregrino


Quadro de Marcello Romeiro

Não há dunas de areia que te aqueçam a pele comigo
Não há sonhos que te mordam o pescoço
E os meus dedos não descobrem em ti mares secretos
E pedaços de céu que se soltam pelos cantos da tua boca.
Não há olhos nos teus olhos, nem carinhos nem afagos,
Palavras a mais, talvez, e gestos vagos, imaginados!
Mas há eu, hás tu e todo um romance por escrever.
Eu peregrino nas suaves planícies do teu ventre
Buscando sem conseguir o segredo da eterna felicidade!

quinta-feira, outubro 07, 2010

Um poema disperso


Foto tirada daqui


Tinha um poema que lancei ao vento
na esperança dele te encontrar,
mas o vento caprichoso não fez senão espalhar.

Vi os meus versos dispersos,
Alguns quedos no jardim,
não os pude abandonar, eram tudo para mim!

Encontrei a primeira rima
bem no meio de umas rosas,
vou envia-la para ti, lê-a logo que possas.

Encontrei mas dois perdido,
por cima dos nenúfares,
Eram os que pediam o favor de me beijares!

Encontrei duas quadras presas,
entre os ramos da vinha,
Era lá que te dizia: Queria que fosses minha.

O poema assim disperso,
perde o sentido e a razão,
vais ter de ler as palavras a direito no meu coração!