segunda-feira, outubro 20, 2008

Tomilho

Vi a tua boca imaculada
falar do desejo e do prazer.

Vi lábios que mal beijaram
nunca se sentiram morder.

Colquei a minha mão na tua
e não foste mais que menina
andado comigo na rua.

Disseste que sabias a canela,
a alçafrão das Índias e pratos japoneses
cheios de humidade e brilho.

Mas da inocência dos teus dedos
revelas todos os segredos,
com esse aroma a tomilho.

Cristal

Lembro-me dos teus olhos
como facas de um cristal impuro
que se ergue no mar escuro
entre as brumas de uma tempestade

Lembro-me de te olhar
como se caísse num abismo
de vertigens loucas
de sangue quente e pele.

Lembro de ser mastro erguido
rasgando os céus cor de fogo
enquanto a minha quilha
vencia as salgadas ondas
da tua imensa maré.