quarta-feira, dezembro 28, 2011
Para que não beba tudo de uma vez
Talvez começasse apenas no corpo que é teu
mexendo-se como quem dança
entrando alegremente no campo miope
que a minha minha vista alcança.
Nasceu-me, tenho a certeza, a sede na tua voz
nasceu-me de dentro para fora
secando-me os lábios e fazendo-me sonhar
com a fluidez das tuas palavras
fazendo brotar vida na planície árida do meu peito.
No gesto das tuas mãos como quem serve
em copas de prata fina, num bailado de dedos
suaves, ligeiros, intensos de mulher e de menina,
a água que ninguém bebeu..
Nos teus olhos o Nilo inteiro alimentando o delta fecundo
os teus olhos, espaço aberto de um céu sem fundo
pingando por entre as gentes gotas mágicas de esperança.
E na tua boca, aqui onde me vês, descobri a fonte
que me mata a sede...
Dás-me a distância e o silêncio, para que não beba tudo de uma vez?
sábado, dezembro 10, 2011
Morrer em ti
"E dela, totalmente nua e funda,
beberam-se as águas do mar transformadas em lua."
I. A.
Eram apenas dedos cintilantes
aflorando de leve a pele dos teus seios
infantis receios, gestos hesitantes
Bebi na tua boca o meu sentir
num beijo que trocámos docemente
o corpo fremente o peito a abrir.
Quebra-se o impulso e o desejo
abandono-me ao instinto primitivo
Morrer em ti tem o dom extraordinário
de me fazer sentir que estou bem vivo!
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