quarta-feira, setembro 22, 2010

Se um dia te fizesse um poema

Se um dia te fizesse um poema
Se o fizesse a ti,
devia saber a chá de menta,
a sol algarvio,
a tarte de amêndoa.

Devia saber a mulher,
esse gosto secreto
esse aroma discreto
que do mais fundo de ti
inebria o ar.

Teria de contigo me deitar na palha,
misturá-la no teu corpo,
nos teus calções curtos
diluir-me na tua pele.
E no beijo que nunca provei
ser pastor feito rei
aprender nos teus olhos
as ondas, as distâncias, os negros
as palavras amigas,
as palavras não proferidas,
nos lábios que beijam segredos.

E depois do poema feito,
passar-to discretamente
para a mão aberta,
ao teu lado pendente.
Depois encaracolar-te os dedos
e sem que ninguém notasse
deixar o meu cheiro em ti.

E num beijo em que te vejo,
meus olhos nos teus perdidos,
deixar que dois corações
num mesmo peito
dancem unidos!

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