terça-feira, setembro 07, 2010

Sentir


Foto de Oliver Zahm, aqui.

Sabes as palavras?
Se fechas os olhos e as deixas fluir em ti,
despertam-te os sentidos,
estou a mentir,
adormecem-te os sentidos,
despertam-te o sentir.

Sabes as palavras,
as nossas palavras, não têm um sabor
fixo, nem real nem inventado,
são palavras selvagens
que perturbam o silêncio rasgado
dentro do coração.

Sabes as palavras,
são os meus olhos, que sem ver te conhecem,
são sons por produzir que em silêncio se desvanecem,
as nossas palavras têm sonhos agarrados,
tem pedaços de tinta com que pintamos os nossos quadros
que penduramos nas paredes e ninguém vê!

As nossas palavras são dedos,
suaves compridos, ágeis, com que despimos
a roupa que trazemos vestida
E mostramos um ao outro
os nossos doces segredos.

Como crianças brincamos ao sol doirado,
e em jogo adultos em quartos fechados,
em que o aroma roxo das flores da Malva,
se afoga na saliva.
Encostamos as mãos pelas palma,
e dançamos ao som da nossa música,
que compomos em cada compasso,
e finda a sinfonia,
pausa , silêncio e magia,
Entra o mar em acalmia e adormeço eu
no teu abraço.


1 comentário:

Eliane Alcântara. disse...

Visito as palavras, os silêncios
entre elas sussurram um novo poema,
um novo recomeço, um tempo eterno
dentro do ser.
Sentir agora é recorrer a um teclado,
a uma caneta, a algo que deixe
marcado o impulso.
Parabéns, Alexandre. Seu trabalho é
cativante. Beijinhos.