segunda-feira, outubro 10, 2011

Apeteceste-me tanto tanto


Apeteceste-me hoje tanto tanto que o dia se arrastou sem oriente nem norte que a vida me negou um flamejo de sorte e me deu um murro no estômago desenhando impossíveis nas margem do meu caderno onde escrevo devagarinho o desejo eterno por satisfazer por te ver por te sentir por te ter por te desenhar a ponta do nariz com a minha língua por sublinhar com os meus dedos as duas curvas dos teus segredos os altos e visíveis e os outros ainda mais secretos e mais impossíveis e no meio de tanto me apeteceres tive sede de ti e de mim de um cocktail mágico fluído nacarado embutido vertido e convertido que na língua se pendura que na boca perdura que no nariz se demora e nunca nos deixa nunca se vai embora e caí no chão chorando a saudade que me afoga sem me matar que a saudade nunca se mata mas mata-nos sempre e no meio do choro solto e da melodia tardia do meu pranto só me apetecia dizer-te em agonia que hoje apeteceste-me tanto tanto!

1 comentário:

GM disse...

Impossível permanecer indiferente a tal voracidade, incontrolável sentir, desejo de tudo quando os dias sufocam o tanto, tanto, tanto que me apeteceste...
E hoje?
Porventura hoje voltaste a resgatar perdido de mim esse lampejo sôfrego de noites versadas em que dois gatos clandestinos se passeavam num código de Pecado.